por Maria Balé
Quando vais parar com esses delírios? E com as roupas
rasgadas. E com essa cara suada. E com esses olhos esbugalhados. Vocifera, sem
tirar os olhos do buraco da agulha que escapa às investidas do lambido fio de
linha branca.
Indiferente à eletricidade da mãe, ao sumiço do botão da
blusa e ao espinho encravado nos pés sujos, a menina ofega sobre o sapo com
asas, a formiga vestida de noiva, a lesma bailarina e a aranha com olhos azuis.
Da idade, contemporiza o pai. Poeta, segreda-lhe o avô.
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Maria Balé é pós-graduada em Comunicação Corporativa pela PUC de São Paulo,
fotógrafa, produtora de textos e escritora de contos.
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