Bêbados a enxergar luzes de estrelas mortas
O livro de Vera Ione Molina “O
quarto amarelo”, deste ano, pela Editora Bestiário, trouxe-me a honra de breve
resenha.
Ei-la.
Gostei. E se de um tanto me
regalei; doutros me senti distante daquele Sul que pouco conheço: lástima.
Esbarrões em letras de músicas,
em sambas que conheço e muito gosto, em menções honrosas a escritores
americanos, latinos, que forjaram o mapa e os rios deste Continente que são
como veias de um corpo inteiro estendido, no verso sentido de Daniel
Viglietti.
As bonecas: a do quarto amarelo e
as da hóspede; aquela me fez recordar Quiroga e sobressai em deliciosa leitura;
as outras nos arrebatam em gesto de terna amizade.
Me gusta, mucho, a intromissão da
língua irmã e próxima, a lastimar que não consigam os hermanos compreender, num
exercício de quase reciprocidade, patavina deste nosso português, a aumentar o
isolamento continental: pena.
A autora – em licença de cantiga
de amigo – ficciona – se livrar do casamento ao atingir o júbilo da aventura,
distante, na Calle Balcarce.
Dos suspiros da derrota nãos se
escapa o pai à tristeza e os bêbados a enxergar estrelas, vislumbram luz que
lhes chega prenúncio de morte: suicídios.
Alemães esvoaçam o livro (um a se
afundar em desejos submarinos de jovem na aparência indefesa), ombreados a
freiras e regionalismos de distantes memórias.
Por fim, mas não como última
beleza destes contos: Felicity, a sorte da morte digna também aos cães.
Caetano Lagrasta
1º de novembro de 2015
Resenha poética que vai na essência do conjunto dos contos, já estava na minha página. Obrigada, escritor Caetano Lagrasta
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