por Jorge Nagao
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Chiquinho Brandão: professor Parapopó - Bambalalão, 1984. |
Escrever está na moda – não
a das passarelas. Quem não recebe e-mails e tem que responder na bucha – não
aquela de tomar banho.
Para escrever um bom
português – não aquele da padaria – é preciso técnica – não a assistência.
Cada oração – não aquela
antes de dormir – clama pela palavra precisa para que a frase fique clara – não
aquela do ovo.
É bonita a nossa língua –
não a da boca – sonora, rica e generosa. Mas basta um pequeno escorregão para
você cair na boca – não juniors – do povo.
Escrever direito – não o
curso para futuros advogados – significa ser direto e simples – não o imposto
da pequena empresa. Curta a frase curta. Evite o chavão – não aquela chave
pesada do presídio – assim você encanta e prende – não o criminoso – mas o
leitor.
Cuidado com a regência –
não aquela de D.Pedro I – que é a rainha dos erros nas redações – não as dos
jornais – mas dos alunos de escola pública e privada – não aquela...
Para escrever bem – não é
você, meu bem – faça com que a sua redação seja concisa, enxuta – não a
lavadora. Portanto não encha linguiça – não a toscana – se não ela será tosca e
sem charme – não o cigarro.
Na hora de escrever tenha
rigor – não trajando um smoking – mas usando o bom senso porque a elegância do
texto vem do seu interior – não o de Minas.
Para continuar a escrever
bem é preciso ler sempre um clássico – não o Fla x Flu – mas sim um da literatura
universal – não a igreja – ou um jornal que não dá pra não LER – não DORT.
Erro de concordância, em
grau, número e gênero – não o alimentício – é humano – não o das minas. Derruba
até o mais experiente redator de coluna – não a lombar – e o de crônica – não a
doença.
É sempre bom salvar o texto
mas é bom saber que um texto ruim nem Cristo e Cia. – não a Vale do Rio Doce –
salvam.
Aplicadas as dicas deste
palpiteiro, você poderá desbancar o Coelho – não o da Páscoa – e tirar de letra
qualquer trabalho que pintar – não o quadro. Só não se esqueça da minha
comissão: um terço – não aquele de rezar, oras! Amém – não do-in. E ponto final
– não o do ônibus.
Jorge Nagao é escritor e jornalista
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