por Caetano Lagrasta
Trata-se
da Sinfonia do samba-canção composta por Ruy Castro, cantada, orquestrada e
composta por centenas de brasileiros que reencontramos na história de suas
histórias.
Narro
algumas vontades e ao menos um temor explícito, que me chegaram, sendo que um
deles realizei.
Vamos
lá: vontade de abrir, não uma caixa (boate), mas um pentagrama (melhor seria um
engradado?) que retome a música brasileira, cujo falecimento não tem sido
noticiado, mas que enterrada já está de alguns anos. Algo na linha do Scotch
Bar, daquele Rio, caixa mínima para vinte mesinhas e respectivos bancos de
parede e banquinhos: o resto seria para copos e músicos, lógico que também para
frequentadores num hercúleo revezamento, quatro x quatro. Ou seja, sessões
musicais de quatro em quatro horas, das 19 às 7 horas, com uma hora de
descanso.
O
temor foi o de uma osmose: o marcador de páginas, lembrança escolar de minha
neta Maitê a tudo olhava com cobiça, e pus-me a imagina-la na companhia de
Doris Monteiro, Elizeth Cardoso, Dolores Duran, além de sambistas e
compositores daqueles anos. Imediatamente, senti arrepios de que ela por esta
vida louca se apaixone. Por via das dúvidas, dispensei o tal marcador e enfiei-o
no vão da orelha da contracapa, fazendo por cima um sinal da cruz.
Um
desejo cumpri: tentei por primeira vez repetir o “picadinho do Copa”, aquele
picadinho de filé, com temperos à larga e salpicado de músicas estritamente
selecionadas para ocasiões de libações extremas. Devo de lhes dizer que ainda
não fiquei satisfeito, mas creio que poderemos repeti-lo em sábados festivos,
com hora de começo e de fim incerto.
O
livro, para os desavisados, trata-se do “A noite do meu bem – A história e as
histórias do samba-canção de Ruy Castro (Ed. Cia. das Letras, SP, 2015).
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