Lázara Dulce Ribeiro Papandrea nasceu em Pouso Alegre - MG, em maio de 1965. Formada em História pela UNIVÁS, pós-graduada em Metodologia para o Ensino pela UVA e Teoria Literária pela UFJF. Escreve
desde 2010 no blog www.vestesdepalavras.blogspot.com. Participou
da antologia “Sobre Lagartas e Borboletas” (ed.Tubap/Scenarium - 2015) e como
coautora dos livros "Exercício de Olhar" FUNALFA -2011 e " Juiz
de Fora ao Luar" editado pela Gryphon em 2015. Em 2016 lançou o livro de
poesias "Tudo é Beija-Flor" (ed. Penalux).
não sou manto de
águas calmas
nem tenho vocação para o pranto de
pequenas causas.
gosto dos estardalhaços.
de sentir dor na espinha de peixe
do meu inexistido rabo de sereia.
de cantar de galo
de galinha
de jogar bateia em rio inteiro
de não dar sossego a freio
vou, volto,
volto e meio.
parto, reparto, escamoteio comigo
pra ressurgir de tenro breve umbigo
como quem vive vida toda
num delírio no meio do nada
num delírio no meio do livre.
nem tenho vocação para o pranto de
pequenas causas.
gosto dos estardalhaços.
de sentir dor na espinha de peixe
do meu inexistido rabo de sereia.
de cantar de galo
de galinha
de jogar bateia em rio inteiro
de não dar sossego a freio
vou, volto,
volto e meio.
parto, reparto, escamoteio comigo
pra ressurgir de tenro breve umbigo
como quem vive vida toda
num delírio no meio do nada
num delírio no meio do livre.
LP
BAP1: Escrever para você é uma necessidade? Quando e
como você começou a escrever poesia?
Lázara Papandrea: Escrever é uma necessidade em algumas fases, noutras
não. A escrita não me vem como um padrão. Muitas vezes escrevo e abandono o
poema por um bom tempo, depois volto lá e vou refazendo, remendando até que um
dia o considere pronto, ou não. Comecei a escrever por volta dos oito anos,
teve uma fase entre os vinte e os trinta, que acho que não escrevi nada, ou
muito pouco. Comecei a escrever porque lia poesia desde cedo, gostava de ler
poesia e isso despertou meu interesse pela escrita de poesia, mas também me
arrisco vez em quando pela crônica ou pequenos contos.
BAP2: Fale um pouco do seu livro “Tudo é Beija-Flor“ e
o que a moveu para escrevê-lo.
LP:
Tudo é Beija-Flor foi modificado muitas vezes, foi um parto difícil, eu não
tenho muito jeito pra essa coisa de reunir e publicar. Foi mais o incentivo de
alguns amigos e da Editora Penalux, que me levaram a ele.
BAP3: Num país que vem enfrentando problemas na
educação (principalmente a básica) há décadas, como incentivar a leitura, ao
seu ver?
LP: Tem
que mudar tudo. Começar lá nos primeiros anos escolares com poesia, filosofia,
sociologia, artes. Apresentar à criança, o mais cedo possível, o mundo
metafórico. Gostar de ler a gente aprende lendo desde sempre.
BAP4: Quais são seus autores clássicos e
contemporâneos preferidos (famosos ou não)?
LP: É
muita coisa pra citar, sou bem eclética. Gosto de Drummond e penso que foi
Minas que me aproximou dele, assim como também gosto da mineira Adélia Prado.
Descobri faz algum tempo Paulo Mendes Campos, gosto de Murilo Mendes, Cassiano
Ricardo, amo Pablo Neruda. Atualmente ando lendo um pouco mais de Wislawa
Szymborska. Fora os da prosa, os do romance...
BAP5: Você já participou de saraus? Acha ser um bom
meio para incentivar a literatura no Brasil?
LP:
Sim, já participei, já coordenei saraus, temos um grupo aqui chamado "Café
com poesia e Arte" e de vez em quando nos apresentamos em alguns eventos.
Ajuda sim a incentivar, principalmente quando conseguimos atingir ou ser
ouvidos por um público não muito leitor, e isso vai depender muito do local
onde esse sarau acontece. Creio que o bar, a rua, são os melhores lugares pra
se ler poesia.
BAP6: Literatura em blogues e em redes sociais. Fale
da sua experiência pessoal e o que você aconselharia para quem está começando.
LP: Acho
ótimo um blog para divulgação, divulgar em páginas como o facebook também. Sei
que tem gente que torce o nariz, que guarda tudo para um livro, que vê essa
exposição como uma banalização da literatura, mas eu vejo como encontro com
quem gosta de ler, com quem pode levar sua poesia, seu escrito, sua arte,
adiante.
BAP7: Muitos autores se queixam das dificuldades de
publicar suas obras com grandes editoras. Por outro lado, sabemos da crise
política e econômica que assola nosso país. Editoras alternativas são o
caminho?
LP:
Penso que sim, até você mesmo se editar é o caminho. Hoje a divulgação é muito
fácil, você só tem que encontrar o seu leitor e as redes sociais estão aí para
isso também.
BAP8:
Fale da Lázara em prosa ou verso...
LP: Sou
mineira, retraída, quieta, simples, ando descalça, converso com bicho. Fico
apavorada em alguns eventos sociais que pedem uma produção mais elaborada.
Gosto de conversar com o povo, de ouvir o povo, trabalho com vendas e escuto
cada história incrível. Quero um dia ainda organizar um livro de crônicas ou
contos a partir delas. Também já estive professora por uns 15 anos
ininterruptos mas desisti, fugi, fiquei doente, exausta. Sou extremamente
caseira e programa bom pra mim é aquele que me põe em contato com bicho, com
mato, com natureza. Tenho sempre dez livros às mãos e tem dias que preciso
expulsar os livros do quarto para tentar dormir melhor.
__ entrevista realizada por
Chris Herrmann e Adriana Aneli
Gostei do seu poema que abre a entrevista. Vou ao livro.
ResponderExcluirobrigada, Lidia! meu abraço
ExcluirLinda como sua poesia, Lázara. Parabéns, BAP, por nos mostrar um pouco mais dessa poeta que eu curto e acompanho.
ResponderExcluirobrigada Virgínia Finzetto! a admiração é recíproca!bjos
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