A recente obra de Lira Neto, em seu primeiro tomo: “Uma história do Samba – as origens”, não esconde a vasta bibliografia e o excelente
trabalho de pesquisa, a trazer consigo a mensagem de preocupação, mudança e
otimismo – como irreverência – que à festa condiz.
Dispensado de enaltecer o estilo e demais atributos de obra
de fôlego, há que relevar a narrativa dedicada a Noel Rosa, em suas implicações
e submissão imposta por Almirante, quando participante do Bando dos Tangarás,
além da descrição irrepreensível e contida da morte de Sinhô. Outras e muitas
cenas mereceriam destaque, mas ambas se mostram suficientes para indicar o
escritor e o trajetória árdua de Autor.
Quem dele conhece a biografia “Getúlio”, igualmente, dispensa
maiores elogios e comentários.
Acresce, ao cabo, que a leitura durante o feriado de
Carnaval, coincide com as mudanças alvissareiras impostas ao de 2017, a parecer
que todos, carnavalescos, bloquistas, escolares do samba, foliões, rufiões, polícias
e prefeituras, além de tudo e mais o restante, coincidem com a fala de Lira e o
retorno do Carnaval às suas origens populares. E, desta forma, a se escapar ao
confinamento imposto a mais esta Festa popular, por um inescondível domínio
midiático daquilo que se convencionou chamar de “grande imprensa”.
O Carnaval retoma suas origens de alegria, devassidão,
excessos e quejandos, como deve e como sempre foi e será; finalmente, o povo se
liberta da escravidão dos vídeos e das cordas e invade cidades, às vezes, até, esparramando
sem licenças o conteúdo de mictórios químicos.
O momento não pode ser melhor, quando atravessa o país mais
uma crise de governança, corrupção, obscurantismo e incapacidades diariamente
postas a nu – como ao seu rei e seus acólitos – expoentes de sem-vergonhices
condizentes ao fim de qualquer império.
Voltam os foliões, fantasias e máscaras ao deslumbramento e à
veracidade que, às caras-limpas, não conseguem escapar os colarinhos sujos e os
punhos puídos.
Ô abre-alas que eu quero passar!
Caetano Lagrasta
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